FALANDO SOBRE AUTO PERDÃO
FALANDO SOBRE O AUTO PERDÃO Marcial Salaverry Logicamente auto perdão, não é o fato de perdoarmos nosso automóvel sobre alguma falha ocorrida, quando eventualmente nos deixou na mão numa noite chuvosa em uma estrada deserta. Na verdade, trata-se do fato de sermos capazes de nos perdoarmos por falhas que nós mesmos cometemos. Sempre será complicado para qualquer pessoa, perdoar-se, pois o auto perdão é bem complicado. Muitas vezes, tomando conhecimento da extensão de nosso erro, ao vermos que a besteira cometida prejudicou outras pessoas, ou mesmo simplesmente atrapalhou a nossa vida, provocando alguns danos irreparáveis, vem aquele arrependimento. Vem aquele triste pensamento, o tradicional: Por que não pensei antes? . Muitas vezes isso ocorre após o infeliz bovídeo estar atolado no charco até os chifres, e o mal não ter conserto. A dor do remorso é triste. E se a pessoa não conseguir "perdoar-se", não conseguirá mais viver em paz, embora venha a obter o perdão alheio. Muitas vezes, encontramos justificativas para nossos erros. Mas se as consequências foram por demais sérias, dificilmente teremos paz de espírito. Uma justificativa, um perdão, nem sempre consertam a erro cometido. Claro que isso nem sempre ocorre, todos conhecem diversos casos de erros, ou melhor, de sacanagens que lesaram muitas pessoas e até mesmo tiraram muitas vidas, e os culpados não estão nem aí para ao prejuízos provocados. Casos como dos dois Edifício Palace, por exemplo. O responsável pelas barbaridades cometidas ainda acha que está sendo injustiçado. Mas isso ocorre quando se trata de pessoas absolutamente sem o menor resquício de consciência, que não dão a menor importância à vida de seus semelhantes. Felizmente nem todo mundo é assim... Ainda existem pessoas afetadas pelo remorso. E, tenham certeza de que não é fácil conviver com ele. É muito mais fácil perdoar aos outros, do que nos perdoarmos. Ainda mais que sempre fica aquela tentativa de justificar um erro, acusando-se outra pessoa. No íntimo, reconhecemos nossa culpa, mas externamente tentamos disfarçar. E isso atrapalha e muito o auto perdão. Há que se notar que n´so apenas cometemos ligeiros lapsos. Os outros é que cometem falhas grosseiras. Temos que reconhecer nossa falibilidade. É meio caminho para aceitar o erro cometido, e tentarmos "nos perdoar". Ainda sobre o tema, li um pensamento atribuído a William Shakespeare, muito interessante: "Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra”. Esse é outro ponto a ser abordado. A enorme dificuldade que encontramos em perdoar outras pessoas. Muitas vezes ficamos com a "coisa" nos remoendo, envenenando nossos pensamentos, arquitetando vinganças, imaginando o que fazer para "dar o troco". Acontece que por causa disso, muitas vezes nos esquecemos de viver. Por maior que tenha sido o dano sofrido, uma vingança não irá desmanchar o mal já sofrido. Se o crime contra nós cometido for passível de punição pela justiça, é mais conveniente esperar que isso ocorra. É claro que existem coisas que nos ferem tão fundamente que a ira acaba por nos cegar. Dependendo do momento, uma reação por vezes violenta chega a ser normal. O desaconselhável é ficar guardando o ressentimento durante muito tempo, pois isso acabará nos envenenando a existência. Enfim, cada caso é um caso, e cada qual sabe onde lhe aperta o calo. Penso apenas, que devemos procurar viver em paz, inicialmente conosco mesmo, e, isso conseguido, procurar transmitir essa paz para os que nos cercam. Claro que não é fácil. Se fosse, não estaria aqui escrevendo sobre isso. Agradeço, então, aos empedernidos e renitentes safados, bem como aos vingadores, por me terem propiciado um excelente tema para debate.
Marcial Salaverry |
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